Reflexões literárias e inclusão de caraminholas na cabeça de Nêmesis

 


é preciso que se ouça o que seu corpo
transpira. Faz calor. Não importa quantos,
basta que saiba que isto aí também é poesia
que em sua verdadeira cara não cheira
à fruta mais fina
não acessa merda nenhuma de Feira de Bologna.

Como posso ir à Itália se meu texto emprega o cheiro mais humano possível?
Suo e minha cara prega
oleosamente e critico quem sequer pronuncia ÊC-frase na mais ortopédica forma.
Num esforço inutilíssimo, raspo a palma (da mão)
na testa,
encosto o dedão no lado direito e percorro os outros
quatro dedos para a esquerda
Lambuzo os curtos
cabelos
soltos do meu rabo de cavalo malfeito. Certa
de que não preciso dizer "da mão". É essa que brilha
enquanto a outra põe em cor o que minha cabeça
já não suporta esquecer em prol
daquilo
que preciso escrever pra receber o soldo
porque fazer o que faço
agora
não merece encher minha barriga
me garantir sustento e moradia. Faz calor
como quando trabalho com o texto de outra pessoa.

Meu suvaco me conta
de pertinho
quase gritando
É HORA DE PARAR! mas eu nunca consigo fazer todas as coisas que devo
porque parece que o que eu preciso
é viver mais o que tanta gente vive
o desejo
a falta
distantes a todo tempo de tantos médios
maquiados
esforçados numa interação que sequer é aceitada de si para com seu próprio corpo. Recusa desse pedido quase que puramente estético
porque também essa é a crise

numa dificuldade sebosa de criar uma imagem que ecoe mais
além duns 4G gasto
de gente sem tempo pra nada, com exata pressa
desconsiderando que ele próprio é alimentação:
como se possível fosse zerar um feed.
Se satisfaz da ansia (velada) em vencer um chefão travestido de "próximo nível".

Mas a catinga dele tem a cara
do seu avatar.

13 de setembro de 2021
Isali

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