Quando tirei do armário, estava todo empoeirado, meio rasgado e um pouco comido. Não pude conter o espirro e a lágrima era certa. Minha mais velha lembrança foi esquecida num lugar velho e feio.
Minha infância fora abandonada, como se não tivesse significado nada pra mim. Lembrei-me do tempo em que comia brigadeiro na colher, tomava água na boca da garrafa, escorregava no chão ensaboado e depois de me molhar na chuva não ficava resfriada.
O que mais doeu foi pensar em quais outras lembranças eu abandonei. Em quais pessoas deletei de mim apenas para que um novo eu pudesse reinar. Apenas um eu sem muitas alegrias, mas que saberia lidar com esse mundo traiçoeiro, com esse mundo-cão.
São somente algumas exigências que a vida nos faz, mas teria sido melhor não ficar nostálgica demais ao me recordar de coisas tão agradáveis.
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