Diferentemente igual


 Ela não queria ser rotulada. Sempre mudando o seu jeito, inovando seus conhecimentos e aprimorando seu vocabulário pra não ser considerada ultrapassada.
 Todos os dias procurava fazer tudo diferente, para não cair na rotina e ser chamada de: " garota chata, sem novidades. Que só faz atividades comuns...". Cada vez que pisava no chão pensava: "como inovar? O que eu faço pra ser diferente?" Então sempre arrumava uma maneira de não ser igual. Sempre que se levantava, agradecia à Deus com novas palavras, mas todas as vezes metodicamente pedia pra não ser igual.
  Andava de modos diferentes a cada dia, prendia o cabelo de jeitos diferentes, e a até para fazer atividades comuns como lavar a louça fazia diferente. Dia sim, ela usava a esponja amarela. Dia não, usava a esponja vegetal, e todas as vezes variava o sabão que usava. Quando não mudava de sabão todos os dias, porque sua mãe dizia: "Não tenho uma árvore de dinheiro. Pare com essa mania besta!", ela mudava o jeito de pegar a barra de sabão.
 Mas o que de modo consciente ela achava estar sendo diferente, de maneira inconsciente se tornou comum, clichê. Essa era justamente a rotina dela. Não ter rotina. Esse era justamente o seu medo, receber um rótulo. Sem que ela tivesse conhecimento disso, passou a ser "a menina sem rotina". Com os amigos, que nunca atribuíam apelidos à ela, depois dessa reviravolta, ela parou de ser a "Abelzinha", e passo a ser a "Des", pois agora ela é assim. Desenrolada, des-rotinada.

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