Começou no dia em que encontrei um barquinho
de papel com escritas chatas e desconexas. Ainda assim sabia que ele me
retribuiria por tirá-lo daquela escada de faculdade. Coloquei-o na mochila. Jogaria no lixo, mas ao
começar escrever, dei significado real aquilo que não valia nem para quem o
criou. Não faço ideia de quem foi. Pela caligrafia, um homem.
Em seguida comecei um texto para a faculdade.
Não sabia que caminho levar ao que eu escrevia, mas decidi incluir meu “barco-personagem”
no meu conto. Foi nessa parte que percebi: inconsciente, coloquei o nome do meu
personagem de Bento. Personagem principal do último livro que li. Sabendo da
tragédia que o nome carregava, não mudei seu final de quem fora traído. Só
preferi não fazê-lo cheio de amargura como Machado fê-lo há décadas.
Nunca confessei amor por ele, no entanto vendo
a forma com a qual aderi ao nome dado por ele, dado ao grande ícone personagem da
literatura brasileira, assumo: “Machado! Te achava um chato! Mas agora entendi
a relação – interna- entre amor e ódio que me amarram a você a seus escritos.”
Isabella dos Santos Lima
16/10/14
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