Pular para o conteúdo principal

iria falar de amor e me lembrei, precisava falar sobre o que dura

pesa em mim
o seu despertador renitente, como subida pro motor 1.6 do seu carro
a chatice de não estar comigo e me ajudar quando preciso
o quilo das palavras
que esmagam a minha cabeça com o martelo de cada ouvido meu a porretar cada memória em que te salvei
porque todas as suas papilas gustativas não escovadas por aquela escova sobressalente
do porta-escovas-de-dentes no seu banheiro
acolhedor
muito mais me fere que limpam a outra boca que te frequenta
sua tatuagem
de canguru fêmea prenha que nunca foi coberta pra disponibilizar seu peito, rijo, pra uma nova inquilina ainda jovem e também bela que nunca foi rosa
ainda pisa seu azul
a calcinha e meias suas
que por inteiro
voltaram a ser minhas quando antes
de me levar embora e nunca mais
me encontrar naquela padaria depois de me afogar em copo americano
o café, sabíamos, amargaria menos que o não-você
resolvi falar
Bateria de Iphone


(i.) 26 de junho de 2017 às 21:25

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O Cheiro da Roupa

O mundo louco Em que a camiseta emprestada  Devolvi As encomendas na sua casa Já estavam aqui E sem cálculo Talvez você não acredite No dia em que te vi por último Te abracei quase que sem querer Você foi, seu perfume ficou  Enquanto contava a um amigo Dizia sobre as suas maravilhas Sentia teu cheiro em minha roupa E o desfiz  Com o isqueiro Usei daqueles banhados em eugenol Abri o vinho que dediquei a nós E cai em sono, sem sonho

Reflexões literárias e inclusão de caraminholas na cabeça de Nêmesis

  é preciso que se ouça o que seu corpo transpira. Faz calor. Não importa quantos, basta que saiba que isto aí também é poesia que em sua verdadeira cara não cheira à fruta mais fina não acessa merda nenhuma de Feira de Bologna. Como posso ir à Itália se meu texto emprega o cheiro mais humano possível? Suo e minha cara prega oleosamente e critico quem sequer pronuncia ÊC-frase na mais ortopédica forma. Num esforço inutilíssimo, raspo a palma (da mão) na testa, encosto o dedão no lado direito e percorro os outros quatro dedos para a esquerda Lambuzo os curtos cabelos soltos do meu rabo de cavalo malfeito. Certa de que não preciso dizer "da mão". É essa que brilha enquanto a outra põe em cor o que minha cabeça já não suporta esquecer em prol daquilo que preciso escrever pra receber o soldo porque fazer o que faço agora não merece encher minha barriga me garantir sustento e moradia. Faz calor como quando trabalho com o texto de outra pessoa. Meu suvaco me conta de pertinho quase...